A
chuva batia com dedos grossos contra o vidro da janela, pedindo com urgência
para entrar e se abrigar do tempo. Escutávamos o seu desespero rebentar em
estilhaços que sangravam pela vidraça, com os nossos corpos molhados de saliva
e de paixão.
Naqueles momentos, recordo-me, não
existia frio que gelasse a nossa nudez, nem temporais que impedissem os nossos
encontros, urgentes e corajosos, capazes de enfrentar qualquer situação mais
adversa ou violenta, com a paz feroz de nos amarmos.
Havia sempre uma música suave a
acompanhar a coreografia dos nossos gestos, na dança improvisada do desejo, e a
cama era o palco ideal da nossa representação perfeita, verdadeira e feliz do
Amor.
Depois, tudo passou como um
aguaceiro breve. Secou a terra dos nossos sentimentos e o que restou foi este
pó que se agita, de quando em vez, no vento da memória.
Por onde andarás agora? Pergunto ao
violino que toca no interior do meu silêncio, aquele mesmo trecho que nos
emocionava nos momentos apaixonados e infinitos.
Por onde andarás agora? Que músicas
escutarás na tua vida e em que braços dançarás a valsa do Amor?
Comentários:
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Amigo Carlos, um poema com muita saudade e nostalgia que adorei. Beijos com carinho.
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Amigo Carlos, um poema com muita saudade e nostalgia que adorei. Beijos com carinho
ResponderEliminarBeautiful
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