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domingo, 25 de maio de 2014

NO LANÇAMENTO DE "NO SANGUE CORRE-ME O TEJO"


São 3 os sentimentos que pulsam na minha escrita: a AMIZADE, a FAMÍLIA e o AMOR. No meu entender, só se os praticarmos podemos ser verdadeiramente humanos e felizes.
Quando escrevo, faço um apelo à SOLIDARIEDADE: que juntemos as nossas vontades na construção de um Mundo mais FRATERNO.
Tenho a preocupação de falar sobre a vida comum de todos nós, com dificuldades e sofrimento, mas também como uma nascente de alegria.
Procuro a realidade e as memórias com os olhos bem abertos, sem medo de encarar a vida, e com a consciência de que em meu redor existem muitas pessoas felizes, com valores e princípios, com as quais continuo a aprender, mas também demasiada gente solitária, perdida e infeliz que necessita da urgência da nossa ajuda.
O meu oitavo livro foi lançado ontem, na Biblioteca Ruy Gomes da Silva, na Chamusca, perante uma sala cheia de público. Falámos de Avieiros, do Tejo, da faina do dia-a-dia e do sangue, como um rio, à procura de desaguar na verdadeira razão do seu destino: o AMOR.
“NO SANGUE CORRE-ME O TEJO”, é um lançar de redes na correnteza das nossas almas para pescarmos fartos cardumes de humanidade e de esperança.

Obrigado a todos os que ontem pescaram comigo, com as mãos cobertas de escamas e o coração emalhado de afectos. 




Declamando o poema "Senhora do Tejo"




A bateira que serviu para divulgar o evento, como forma de transmitir conhecimento de uma realidade e também de divertimento para os mais pequenotes.


Sentado à ré da bateira.




Ladeado à esquerda pelo coordenador editorial, João Serrano, e à direita pelo apresentador da obra, José Braz.


Declamação de um poema por João José Bento














SENHORA DO TEJO





Poema dedicado a Maria Vicência Grilo, que aos 83 anos ainda pesca no Tejo. Poesia que pretende ser um tributo a todas as mulheres avieiras.




SENHORA DO TEJO

São remos
os seus braços
que lavram o ventre do rio,
lançando a sementeira das redes
nas nuvens profundas da areia,
recolhendo o suor das águas
com as mãos calejadas de escamas
e a gestação feliz de um cardume.

O seu primeiro grito
nasceu e foi arrancado
das guelras do Tejo
e ecoou como um beijo
sob a superfície do céu,
iluminando as estrelas
num parto de luz.

O barco
foi seu berço,
sua casa,
o embalo,
o resguardo,
o emalhar de uma vida
pescando a sobrevivência.

Navegou contra a corrente
sulcando a correnteza do tempo,
rasgando as margens da alma
com o corpo ferido pelo desejo
dos anzóis da liberdade.

Envelhecido o teu rosto
é um pergaminho de memórias,
onde posso ler o que somos
depois de tantas perdas e vitórias.

Senhora do Tejo,
nos teus olhos vejo o sol,
que se reflecte,
alegre,
luminoso e transparente,
no interior do teu sangue
que é um rio.

Agradecimentos a Victor Gago pela sua colaboração fotográfica no livro e pela sua ajuda permanente (a maioria das fotografias publicadas nesta página são da sua autoria).
A Joaquim José Ponceano e Lurdes Couto pela cedência do barco e das redes para o evento e pela sua atenção inexcedível.
A José Braz pela excelente apresentação do Livro.
A João Serrano por me ter convidado para escrever este livro, incluído numa candidatura a nível nacional e internacional: "Os Avieiros a Património Imaterial Nacional e da Unesco".
A João José Bento pela declamação de poemas e pela colaboração e Amizade.
A Ana Quinteiro por outras fotos publicadas nesta página e pela sua atenção para com o meu trabalho.
A todos os presentes.
À minha família por me amar tanto e a todos aqueles que diariamente me agradecem por escrever e me incentivam para o continuar a fazer.



segunda-feira, 19 de maio de 2014

NO SANGUE CORRE-ME O TEJO

Justo é aqui agradecer (a exemplo do que já fiz com visitantes de outros países), àqueles que na Alemanha efectuam milhares de visitas a este blogue.



Devido ao trabalho e intervenções contínuas que tenho vindo a desenvolver no campo da escrita jornalística e literária, com a publicação de vários livros; de poemas e textos em blogues; participações em vários eventos culturais, como feiras do livro e recitais de poesia, e com reconhecimento deste labor quer por parte dos leitores, quer pelos órgãos de comunicação social aos quais já concedi algumas entrevistas, tive o prazer de receber o honroso convite, do Instituto Politécnico de Santarém, para colaborar no movimento de candidatura “A CULTURA AVIEIRA A PATRIMÓNIO IMATERIAL NACIONAL E DA UNESCO”, com a publicação de uma obra da minha autoria no seu caderno cultural n.º 5.
 “NO SANGUE CORRE-ME O TEJO” é um livro de prosa poética e de poesia, que tem por tema o rio TEJO, as nossas memórias, a nossa Terra e a vivência das Gentes da borda d’ água.
        O livro é ainda ilustrado com imagens fotográficas captadas por José de Jesus Bento Cabaço, Victor Gago e por mim.
A obra é patrocinada pela Câmara Municipal da Chamusca e está integrada no Programa Cultural da Semana da Ascensão. A sua apresentação ocorrerá no próximo dia 24/05/2014, pelas 17:45 horas, na Biblioteca Municipal da Chamusca e será efectuada por José Braz, professor na Escola EB 2, 3/S da Chamusca, descendente de Avieiros e homem com marcada ligação ao desenvolvimento social e cultural deste concelho.
A publicação deste livro/caderno tem igualmente como objectivo tornar a cultura, a literatura e a leitura acessível a todos, pelo que prescindi dos meus direitos de autor e os editores de obter qualquer lucro, sendo o livro vendido pelo preço estritamente necessário para cobrir os custos gráficos.
Perante este contexto e sobretudo o de valorização e admiração do TEJO e da existência social e cultural que o mesmo proporciona, numa correnteza que tenta desaguar nas margens do mundo, espero que através desta obra, “NO SANGUE CORRE-ME O TEJO”, possamos dar um mergulho profundo no rio da nossa alma.  

Aqui deixo um poema e uma fotografia (captada por Victor Gago) que fazem parte do livro/caderno:


SIMPLES SONS DA VIDA



A neblina cobre a manhã
com uma espécie de cortina,
espessa e fria,
caída entre os olhos e a paisagem.
Só o farol dos sons
orienta os navegantes do dia,
na sua azáfama ao longo do leito
rumoroso da vida.

Ouve-se o bater cavo da enxada
caindo num golpe seco
sobre a terra,
abrindo fendas e cômoros
onde as sementes e as plantas,
no futuro,
ganharão raízes, talos, troncos
e folhas,
e encherão os campos de viço.

Escutam-se os chocalhos inquietos das ovelhas
e o seu balir agitado
abocanhando a farta erva,
e o grito do pastor
chamando para o rebanho
alguma cabeça dispersa e travessa.

Por vezes sente-se o som de uma laranja
que já madura,
não resistindo ao peso do orvalho,
desaba do ramo da laranjeira
e cai redonda como uma pedra
quebrando o silêncio do chão.

Uma orquestra desafinada de pássaros
solta trinidos,
assobios e gorjeios,
tentando acordar o sol
que dorme, preguiçosamente,
entre a grossa camada
dos lençóis do nevoeiro.

Nas margens deste nascimento
lento e enevoado do dia,
é impossível não ouvir o rumor da água
que se embala na corrente,
que se perde e abraça no corpo dos salgueiros,
continuando a sua peregrinação
ao longo de gerações de sonhos,
memórias e afectos,
numa manifestação infinita
  de fé e sentimentos.