A chuva dispara sem
cessar contra as janelas da nossa pequena casa. A neblina, como enormes folhas
brancas de um papel opaco e vazio cerca-nos, obrigando-nos a tentar descrever
as linhas imaginárias da paisagem.
As árvores desfolhadas
lembram soldados, grandes como Golias, numa posição vigilante sobre a
manifestação do outono.
Apesar deste exército
que comanda o tempo, o momento é de paz. Tu dormes tranquilamente, desarmada
sobre os lençóis, expondo a bandeira da tua pele de seda branca e eu,
tolerante, espreito a agressiva atitude dos elementos lá fora. Somente deixando
escorrer os minutos, para que venças o sono e pacificamente levantes os braços
rendida, chamando-me para mais um armistício de AMOR.