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sexta-feira, 23 de abril de 2021

POEMA DO PALHAÇO

 


            Hoje vi um palhaço a passear na praia.

         Talvez fosse apenas alguém que decidiu

         mascarar-se de palhaço,

        para fazer rir as ondas

         e libertar-se do circo triste dos dias.


         Vi-o e fiquei entusiasmado

          com o seu riso exagerado,

          desenhado a baton vermelho,

          numa máscara feliz.


          Por um breve momento

          ele fez-me esquecer deste mundo sem rostos.

          E ao afastar-se na miragem do areal

          ele deixou-me lembranças e saudades,

          daquele tempo simples dos palhaços de verdade,

           que nos faziam rir

           até soltarmos as mais sinceras lágrimas de alegria.

sábado, 10 de abril de 2021

ESTA MANHÃ

 

A paisagem está verde de chuva. Os passarinhos, um grupo coral de afinada melodia, enchem a manhã de música e de alegria. Não se avista qualquer avião a deixar um risco de detritos na pintura bonita do céu. As garças brancas cavam a terra lavrada com a enxada dos bicos, procurando a sementeira de larvas de que se vão alimentar. Às 6 horas da manhã a natureza exerce a sua liberdade plena, enquanto os homens ainda dormem livres na inconsciência da sua imperfeição. E deste modo eu nasço para o novo dia na serena paz das coisas simples da vida, na mais completa inocência, até que os meus olhos sejam roboticamente abertos pelo sol ardente da realidade e ao soltar o primeiro berro acorde, e fazendo-me homem de repente, envergonhado, proteja a minha nudez com um colete à prova de balas.