Talvez
seja este o ângulo que vês da vida. Pequeno, apertado e sobretudo vazio. Onde
nem sequer o sol pode entrar, devido ao contorno da sombra alta dos muros. Mas
tu sabes que a órbita do teu olhar só depende da tua consciência. Se levantares
os olhos, avistarás imediatamente o céu apesar dele se encontrar a uma infinita
distância de ti. Então porque perdes de vista o que te está próximo? Neste
preciso momento, mesmo debaixo das tuas pestanas, a vida flui com todos os seus
contrastes. Se quiseres vivê-la, tens que ser mais observador e ter outra
atitude. A tua mulher, o teu marido, os teus filhos, a tua família, os teus
amigos, os que sofrem e os que riem, todos precisam que repares neles e os
vejas e te apercebas que eles são o verdadeiro significado da tua existência.
Ao ficares consciente da presença dos outros, ao fazeres algo em benefício
deles, a tua visão sobre o AMOR será mais ampla e ficarás livre da nesga do teu
egoísmo.
Número total de visualizações de páginas
60542
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
sábado, 19 de outubro de 2019
A VIDA QUE AINDA NÃO VIVESTE
Procuras palavras e apenas encontras
areia. Um imenso deserto, onde o que dizes não se ouve, na dimensão do
silêncio, envolto numa solidão tão árida que te irá transformar em mera poeira.
Vives
à procura de explicações, como se DEUS e o AMOR não bastassem para explicar
porque existes. Observas todos os dias a tua mulher e os teus filhos, que são a
clarividência da sementeira dos teus afetos, e os teus sentimentos apenas
colhem a dúvida: o que fazer com estes frutos?
A
tua boca está seca. As mãos ressequidas. Aliás, todo o teu corpo está sedento
de água e é urgente encontrares em ti mesmo esse regato de ternura. Se de facto
acreditas no AMOR, porquê essa revolta e o desespero constantes contra aquilo
que és? Homem imperfeito. E contra o mundo em que vives: a maior, mais cruel e
estúpida prova da imperfeição humana.
Se
não acreditares que as mudanças começam dentro de ti, vais continuar a
sobreviver alimentando as dúvidas e deixando morrer de fome a verdade: de que
estás vivo! De que apesar de todos os tipos de miséria congeminados pelo homem
e que arruínam a Terra, ainda não é tarde para te ajudares e te enlaçares nos
braços dos outros!
Achas
que podes amar sem altruísmo? Voltemos ao começo desta carta e ao deserto
profundo. De que valerá toda a riqueza, a volúpia do egoísmo, as ansiedades
pessoais, se vais morrer ali, só, sem um oásis de esperança?
domingo, 9 de junho de 2019
AQUELAS CRIANÇAS
Através dos seus olhos,
e só de olhar neles, me apercebo de uma poeira de lágrimas a tingir o rosto da
paisagem. Pequenos pés, sujos desta espécie de barro, deixam pegadas, desta
forma de sangue, ao longo do deserto dos caminhos, onde sequer uma árvore existe
para proteger da sombra negra do sol.
Tudo o que eu pensava
ser, o que imaginava capaz de fazer, o direito ao altruísmo que dizia possuir,
são apenas cegas desculpas perante a verdade que acabo de ver. Porque aquelas
mãos pequenas que se estendem para o vazio, apenas colhem o vento e o pó e
espremem em vão os seios secos de todos os dias.
Destaca-se o brilho dos
seus dentes, como lampejos de marfim, e nada mais.
Para aquelas crianças,
tudo o que resta é a esperança de um dia viverem a vida que Deus prometeu.
(A fome mata 8.500 crianças por dia.)
(A fome mata 8.500 crianças por dia.)
sábado, 16 de março de 2019
AMAR, TODOS OS DIAS
Neste final de tarde em
que as pessoas correm atrás de uma existência demasiado rápida, efémera e sem
mistério algum, cansadas de tantas ilusões desfeitas. Neste final de tarde em
que o céu se rasga num habitual azul, sem sequer esboçar a surpresa de uma cor inesperada,
ocorre-me a lembrança e o sentimento de tudo o que representas para mim,
tornando insignificantes todas as coisas. Sem ti, certamente não sentiria a
beleza de viver e passaria o tempo numa ténue sobrevivência, sem apreender o
significado da dádiva, o mais íntimo valor da vida.
Quanto
vale o ser humano sem o AMOR? Poderia perguntar-te agora o óbvio, neste momento
em que a minha mão, longe do aconchego da tua, desliza preenchendo a solidão
com estas palavras para sentir que estamos juntos e que as escutas. Como numa
oração partilho assim contigo os meus pensamentos mais sinceros e deponho nas
tuas mãos, não uma flor, mas a certeza irrefutável de que te amo todos os dias,
sem necessitar de um qualquer dia especial, porque o AMOR é sempre constante
quando permanece o carinho, o respeito e a gratidão.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2019
LÁ FORA BERRA A VIOLÊNCIA
Quando
dissermos todas as coisas convictos da sinceridade, mesmo as palavras mais
simples e pequenas, sem receio do preconceito e daquilo que os outros possam
pensar delas. Quando perdermos a lembrança do significado do medo e não nos fecharmos dentro
das prisões de nós mesmos, poderemos então rebentar com as grades do silêncio e
sermos livres.
Por
enquanto lá fora grita e berra a violência, o mundo desfazendo-se num
palavreado inútil. As desculpas soam como trovões e por todo o lado a mentira
rompe os tímpanos das ruas, impiedosa como uma tempestade.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2019
PERDIDO NA CINZA DOS DIAS
Procurei-te por toda a casa numa
obsessão insana, porque para além do teu corpo desaparecido já só haviam
indícios do teu cheiro agarrado pelas paredes, pelas superfícies dos móveis e
pelas esquinas do meu olfato animal. Estúpido, vivia na tua inexistência
cavando no útero das memórias para voltar a encontrar-te e renascer com as mãos
cobertas e cheias da tua essência. Tolo, procurava a lua no abismo do céu com
os olhos iluminados de uma qualquer esperança cega. Ridículo, como só os homens
sabem ser depois de perderem o leme da situação e se destroçarem contra as
rochas da indiferença, sozinhos e frágeis e desamparados. Tristes e apagados,
arrastando-se pela cinza dos dias, procurando uma explicação sobre o porquê do
fogo lento onde foram imolando os seus sentimentos e relacionamentos. Porteiros
sem tino, capazes apenas de abrir as portas e deixar entrar a luz intensa, mas
incapazes de evitar que outras mãos as fechem com a violência do silêncio, na
mais completa ausência de um simples adeus.
Vou
continuar a procurar-te todos os dias em todos os subterrâneos da minha dor,
embora pensem que sou um louco e eu saiba que o sou por não ter sentido e
reconhecido o quanto te amava até ter deixado de te ouvir, de te compreender,
de te ter afastado da minha vida e te perder.
Perdi-te e agora estou perdido nos pormenores do teu sorriso, das
tuas carícias, na eternidade de todos os nossos momentos, sentindo alastrar em
mim os sintomas da amargura e o sentimento definitivo e impossível de aceitar de que, provavelmente, não voltarei a encontrar o AMOR.
Subscrever:
Mensagens (Atom)