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domingo, 9 de junho de 2019

AQUELAS CRIANÇAS



Através dos seus olhos, e só de olhar neles, me apercebo de uma poeira de lágrimas a tingir o rosto da paisagem. Pequenos pés, sujos desta espécie de barro, deixam pegadas, desta forma de sangue, ao longo do deserto dos caminhos, onde sequer uma árvore existe para proteger da sombra negra do sol.
Tudo o que eu pensava ser, o que imaginava capaz de fazer, o direito ao altruísmo que dizia possuir, são apenas cegas desculpas perante a verdade que acabo de ver. Porque aquelas mãos pequenas que se estendem para o vazio, apenas colhem o vento e o pó e espremem em vão os seios secos de todos os dias.
Destaca-se o brilho dos seus dentes, como lampejos de marfim, e nada mais.
Para aquelas crianças, tudo o que resta é a esperança de um dia viverem a vida que Deus prometeu.

(A fome mata 8.500 crianças por dia.)

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