Procuras palavras e apenas encontras
areia. Um imenso deserto, onde o que dizes não se ouve, na dimensão do
silêncio, envolto numa solidão tão árida que te irá transformar em mera poeira.
Vives
à procura de explicações, como se DEUS e o AMOR não bastassem para explicar
porque existes. Observas todos os dias a tua mulher e os teus filhos, que são a
clarividência da sementeira dos teus afetos, e os teus sentimentos apenas
colhem a dúvida: o que fazer com estes frutos?
A
tua boca está seca. As mãos ressequidas. Aliás, todo o teu corpo está sedento
de água e é urgente encontrares em ti mesmo esse regato de ternura. Se de facto
acreditas no AMOR, porquê essa revolta e o desespero constantes contra aquilo
que és? Homem imperfeito. E contra o mundo em que vives: a maior, mais cruel e
estúpida prova da imperfeição humana.
Se
não acreditares que as mudanças começam dentro de ti, vais continuar a
sobreviver alimentando as dúvidas e deixando morrer de fome a verdade: de que
estás vivo! De que apesar de todos os tipos de miséria congeminados pelo homem
e que arruínam a Terra, ainda não é tarde para te ajudares e te enlaçares nos
braços dos outros!
Achas
que podes amar sem altruísmo? Voltemos ao começo desta carta e ao deserto
profundo. De que valerá toda a riqueza, a volúpia do egoísmo, as ansiedades
pessoais, se vais morrer ali, só, sem um oásis de esperança?
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