O vento passou hoje mais cedo e com uma cadência mais
forte. Enquanto dormíamos arrancou as flores novas e frágeis das árvores de
fruto e as pétalas indefesas das rosas. Delas ficou apenas um vago perfume na
memória. Aqui neste lugar começamos a ficar cada vez mais conscientes do
inesperado, do ar violento que varre a atmosfera, e uma inquieta ansiedade
começa a apoderar-se de nós como uma tesoura cortando os caules da nossa
natureza tranquila.
O Caio disse que podíamos ir viver num
lugar qualquer do planeta Terra, onde vivessem apenas umas quantas pessoas. Ali
podíamos criar galinhas e cultivar uma horta, acertando o nosso tempo nos
ponteiros do sol e pela noite poderíamos contar estrelas até adormecermos
tranquilamente protegidos da escuridão.
Mas nada disso se realizou, porque ele
morreu, e entretanto também a privacidade humana está completamente vigiada por
satélites que nos vêem como galinhas e querem pôr os nossos ovos todos no mesmo
cesto.
Enfim, eu continuo a pensar que o homem
devia ter uma côdea de liberdade, para poder alimentar a sua personalidade e o
seu vazio interior e ser feliz. Mas o mundo confinou-nos às prisões
tecnológicas e à alimentação digital.
Felizmente que, ainda não proibiram o
meu velho Livro e é nele que me liberto, escutando: "Mas aquele que examina com cuidado a lei perfeita que pertence à
liberdade, e continua nela, tornou-se não um ouvinte que facilmente se esquece,
mas um cumpridor da obra; e ele será feliz no que faz." Bíblia Tiago
1:21
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