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sexta-feira, 1 de maio de 2020

UM VELHOTE VENDENDO LARANJAS


     Hoje vi um velhote vendendo laranjas à porta de casa para sobreviver à solidão.
        Frutas doces para adoçar a amargura dum tempo de silêncio amargo.
        Os seus olhos amarelecidos pelo sol quente do dia e pelo estio dos anos eram a única centelha de vida que iluminava a tarde desolada.
        Desgraçadamente eu não tinha dinheiro, nem tão pouco tive coragem para descascar uma simples palavra que, apenas por um breve momento, fosse como um sumo agradável e reconfortante para o seu coração.
        Cobarde e inútil, passei pelo velhote que vendia laranjas e somente trouxe a tristeza e as cascas da sua solidão.

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