Tu és essa Mulher que abandonada
espera a chegada do seu homem na noite infinita. Os olhos certos nos ponteiros
do relógio, o coração batendo as badaladas do alarme.
A tua cabeça é um carro
desgovernado, acelerando pelo túnel escuro dos pensamentos, ameaçando um
despiste nervoso, num acidente grave. Onde estará ele? Em algum bar jogando as
cartas sobre a mesa, baralhando o jogo numa rodada viciada de álcool e fumo de
cigarros? Deitado lado a lado com uma mulher mais bela, desejada e jovem do que
tu, a quem ele entrega as suas carícias e a paixão que te nega?
O tempo avança lento mas imparável
pisando forte sobre a tua consciência dolorida. E pensas, envolta numa confusão
de sentimentos, aquilo que deverias ou não fazer quando ele chegar com a sua
cara enjoada e sem te dar explicações atirar a chave do carro para cima da
bancada da cozinha e se fechar na casa de banho urinando e lavando o rosto,
para de seguida ocupar a cama onde se comprime o teu corpo ignorado.
Pensas e desesperas. Porque não
sabes o que fazer. Atacá-lo e apedrejá-lo com a boca cheia de palavras
agressivas? Calar a dor da solidão, porque ainda o amas? Planear uma forma de
te vingares e o matares, vendo-o definhar lentamente com o veneno com que
condimentas a sua comida? Ou libertar-te da prisão e de um carcereiro que tu
própria criaste, com o medo de enfrentar uma nova vida e começar de novo?
Pensas e por vezes tens a ideia
doentia de mulher rejeitada, se não seria bom ele chegar explodindo de raiva,
abusar do teu corpo e esbofetear-te, mostrando dessa forma que ainda és um
objecto com alguma importância para ele?
Estás sentada no sofá em linha recta
com a porta, os olhos gastos fixos na fechadura e resistes à espera de te
amares e seres feliz, sozinha com a tua auto estima, ou entre os braços de alguém
que te respeite e te dedique todo o carinho que mereces, MULHER!
Infelizmente são muitas as mulheres que se enquadram perfeitamente. Se não nos amamos e respeitamos como poderemos inspirar esses sentimentos nos outros?
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