O tempo passa
no espelho efémero dos
dias
e reflecte os olhos,
surpreendidos pela
nostalgia,
já apagados no cinzeiro
das sombras,
só o fumo das
recordações se esvaindo
no vento de cada dia.
Já nem sequer há
mistérios
para desvendar a vida.
Só o corpo permanece,
um vestígio,
um sorriso,
um gesto,
um momento,
a lembrar o outro.
Aquele que tu foste
crescendo nos espelhos,
ocupando todo o espaço
dos sonhos
e ao fechares os olhos,
num descuido de soberba
e ténue juventude,
te perderes e ferires
para sempre
no vidro moído
dos caminhos da
vaidade.
Não te desesperes,
tudo tem o seu tempo:
seca a erva,
murcham as flores,
desfazem-se as pétalas
da tua pele
em poalha de rugas.
Mas se reflectires
verás,
que nem sequer a
primavera é eterna
e que no derradeiro
final
do tempo de todas as
vidas,
somente o espírito do
AMOR permanece.
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