Justo é aqui agradecer (a exemplo do que já fiz com visitantes de
outros países), àqueles que na Alemanha efectuam milhares de visitas a este
blogue.
Devido ao trabalho e
intervenções contínuas que tenho vindo a desenvolver no campo da escrita
jornalística e literária, com a publicação de vários livros; de poemas e textos
em blogues; participações em vários eventos culturais, como feiras do livro e
recitais de poesia, e com reconhecimento deste labor quer por parte dos
leitores, quer pelos órgãos de comunicação social aos quais já concedi algumas
entrevistas, tive o prazer de receber o honroso convite, do Instituto
Politécnico de Santarém, para colaborar no movimento de candidatura “A CULTURA AVIEIRA A
PATRIMÓNIO IMATERIAL NACIONAL E DA UNESCO”, com a publicação de uma obra da
minha autoria no seu caderno cultural n.º 5.
“NO SANGUE CORRE-ME O TEJO” é
um livro de prosa poética e de poesia, que tem por tema o rio TEJO, as nossas
memórias, a nossa Terra e a vivência das Gentes da borda d’ água.
O livro é ainda ilustrado com imagens
fotográficas captadas por José de Jesus
Bento Cabaço, Victor Gago e por
mim.
A obra é patrocinada pela
Câmara Municipal da Chamusca e está integrada no Programa Cultural da Semana da
Ascensão. A sua apresentação ocorrerá no próximo dia 24/05/2014, pelas 17:45 horas, na Biblioteca Municipal da Chamusca e será efectuada por José Braz,
professor na Escola EB 2, 3/S da Chamusca, descendente de Avieiros e homem com marcada ligação ao desenvolvimento social e cultural deste concelho.
A publicação deste
livro/caderno tem igualmente como objectivo tornar a cultura, a literatura e a
leitura acessível a todos, pelo que prescindi dos meus direitos de autor e os
editores de obter qualquer lucro, sendo o livro vendido pelo preço estritamente
necessário para cobrir os custos gráficos.
Perante este contexto e
sobretudo o de valorização e admiração do TEJO e da existência social e
cultural que o mesmo proporciona, numa correnteza que tenta desaguar nas
margens do mundo, espero que através desta obra, “NO SANGUE CORRE-ME O TEJO”, possamos dar um mergulho profundo no
rio da nossa alma.
Aqui deixo um poema e uma fotografia (captada por Victor Gago) que fazem parte do livro/caderno:
A neblina cobre a
manhã
com uma espécie de
cortina,
espessa e fria,
caída entre os olhos
e a paisagem.
Só o farol dos sons
orienta os navegantes
do dia,
na sua azáfama ao
longo do leito
rumoroso da vida.
Ouve-se o bater cavo
da enxada
caindo num golpe seco
sobre a terra,
abrindo fendas e
cômoros
onde as sementes e as
plantas,
no futuro,
ganharão raízes,
talos, troncos
e folhas,
e encherão os campos
de viço.
Escutam-se os
chocalhos inquietos das ovelhas
e o seu balir agitado
abocanhando a farta
erva,
e o grito do pastor
chamando para o
rebanho
alguma cabeça
dispersa e travessa.
Por vezes sente-se o
som de uma laranja
que já madura,
não resistindo ao
peso do orvalho,
desaba do ramo da
laranjeira
e cai redonda como
uma pedra
quebrando o silêncio
do chão.
Uma orquestra
desafinada de pássaros
solta trinidos,
assobios e gorjeios,
tentando acordar o
sol
que dorme,
preguiçosamente,
entre a grossa camada
dos lençóis do
nevoeiro.
Nas margens deste
nascimento
lento e enevoado do
dia,
é impossível não
ouvir o rumor da água
que se embala na
corrente,
que se perde e abraça
no corpo dos salgueiros,
continuando a sua
peregrinação
ao longo de gerações
de sonhos,
memórias e afectos,
numa manifestação
infinita
de fé e sentimentos.
Lindo! Parabéns por mais uma publicação. De certeza que a sua leitura nos vai dar muito prazer. Guarda um caderno para mim. Um abraço
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