«O amor só atrapalha!»
Gritaste-me com os olhos
arrancados de lágrimas.
E eu fiquei ali,
especado e calado,
como um espantalho
na paisagem fria da
cozinha,
espantado pelo teu bater
de asas desesperado
e pelo meu coração de
palha
morto no peito.
Podia ser humano
e dizer que te amava,
ou que já não,
usando o consolo da
mentira
ou o tiro mortal da
verdade.
Mas não sabia o que
dizer-te,
tão pouco sabia dizer-te
o que sentia.
Estava ali vestindo de
homem
os sentimentos
empalhados,
como um mero espantalho
onde apenas os pássaros
pousam a alma,
num silêncio cruel,
de bico quebrado
e sem um pio de amor.
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