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domingo, 3 de junho de 2018

A DISTÂNCIA ENTRE NÓS



Parou de chover por momentos.
Cheira a terra molhada.
Os pássaros mergulham nas poças
e deixam pegadas na lama.
O dia nasce, cinzento,
na quietude sonâmbula da manhã.
O silêncio é o que mais surpreende
nesta Terra confundida por ruídos.
Imagino que será outro dia
igual a milhares que já vivi,
vergado sob o peso da tua ausência,
a única presença que dá sentido
a toda esta solidão que envolve o mundo.

Tanto carinho para dar,
tantas palavras meigas para dizer,
tanto AMOR para fazer,
Tanta cumplicidade para partilhar
e o comboio rasga as paisagens,
acelerando cada vez mais rápido,
afastando-se,
impondo a distância entre nós.

Voltou a chover.
agora a humidade cobre até a margem dos sentidos.
E um só pensamento me corrói:
se a vida é tão efémera
porque desperdiçamos tanto AMOR.

Fotografia de Maria Filipe


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