Todos temos as nossas
epifanias que mais não são, na maioria das vezes, que vislumbres da realidade.
Há alguns anos eu pensava nesta montanha como algo inacessível e que atingir o
seu cume seria um feito extraordinário. Uma espécie de vitória sobre o absurdo.
Hoje, do seu cimo, vejo claramente a distância por entre as fimbrias de poeira
e a poalha do sol.
Vejo as pessoas, como mosquitos, ficarem
presas na lama dos dias.
Uma
guerra de palavras ferir o significado da liberdade.
Uma
multidão de migrantes, arrancando bandeiras com as mãos decepadas pelo escárnio
do mundo.
Os abutres do pânico a alimentarem-se dos corações mortos do medo.
Olho
tudo isto sem sentir um vestígio de arrependimento pelo imenso esforço que me
trouxe até aqui mas, com piedade, baixo os olhos sobre este velho e sábio LIVRO que leio e em meditação transcrevo:
“Eu vi tudo isto e pus-me a refletir em todo
o trabalho que se tem feito debaixo do sol, enquanto homem domina homem para o
seu prejuízo.”
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