A paisagem está verde de chuva. Os passarinhos, um grupo coral de
afinada melodia, enchem a manhã de música e de alegria. Não se avista qualquer
avião a deixar um risco de detritos na pintura bonita do céu. As garças brancas
cavam a terra lavrada com a enxada dos bicos, procurando a sementeira de larvas
de que se vão alimentar. Às 6 horas da manhã a natureza exerce a sua liberdade
plena, enquanto os homens ainda dormem livres na inconsciência da sua
imperfeição. E deste modo eu nasço para o novo dia na serena paz das coisas
simples da vida, na mais completa inocência, até que os meus olhos sejam
roboticamente abertos pelo sol ardente da realidade e ao soltar o primeiro
berro acorde, e fazendo-me homem de repente, envergonhado, proteja a minha
nudez com um colete à prova de balas.
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