Sempre falaste que
gostavas de seguir o teu coração, com a mesma persistência do que a de um
maratonista que se deixa levar pelo objetivo de percorrer os quarenta e dois
mil cento e noventa e cinco metros, que no final lhe permitirão cortar a meta
com os braços erguidos pelo orgulho e extravasando de alegria.
Mas o que é uma
maratona quando comparada à dimensão e à distância da vida? Sei que vais
continuar a viver como uma gaivota sob as penas do céu, numa inebriante e
sedutora corrida pela liberdade. E aceito a tua dignidade e coragem de te entregares
por inteiro aos teus ideais e emoções, e de correres infatigável ao longo dos caminhos
e estradas de um mundo tão distante e com tantas provas já dadas de não ter
fôlego nem soluções.
Apesar de tudo admiro a
elegância da tua passada atlética, a fibra dos teus músculos esticada como
cordas de guitarra, a proa do teu peito sulcando a maré do esforço, o brilho
feliz dos teus olhos cheios de lágrimas arrancadas pelo vento quando corres e
correndo te sentes livre para tentar vencer metro a metro esta corrida pela
paz, pelos abandonados, pelos famintos, pelas migrações de expatriados e por
todos aqueles que são ostracizados e sofrem, numa maratona contra um mundo
cruel e sem liberdade.
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