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domingo, 4 de fevereiro de 2018

COMO FOI POSSÍVEL DESTRUIRMOS TANTO AMOR?


Daqui a pouco, como um raio de luz, vais apagar-te ao fechar a porta da nossa casa pela última vez. Vais fechar-te, para sempre, lá longe, no mundo, onde apenas poderei chegar como um espírito pairando sobre as asas quebradas da memória.
Estás fazendo as malas. Enchendo-as com as roupas, os sapatos, os cremes e os perfumes, os cheiros de ti, a substância da tua essência, o essencial da tua personalidade, o fecho da tua decisão ao encerrar todas essas coisas, simplesmente toda a cumplicidade da nossa vida.
Arrasto-me pelo deserto da sala, perdido, procurando achar um caminho onde encontrar a tua ausência. Mas não enxergo o horizonte, nesta densa camada de pó em que os meus olhos se desfazem de tristeza.
Agora é tudo tão definitivo, que nem as perguntas têm já qualquer significado. Se não, haveria apenas uma única pergunta, a derradeira, que gostaria de te fazer:

COMO FOI POSSÍVEL DESTRUIRMOS TANTO AMOR? 

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