Pela janela do comboio passa a vida.
A arquitetura da paisagem é uma viagem rápida pelas ervas rasteiras da planície que, de súbito, dão lugar à montanha russa de torres de apartamentos caindo a pique sobre as casas baixas.
As nuvens são brancas e também negras e sem qualquer preconceito tingem o azul do céu.
O sol mergulha agora no Tejo, deixando à superfície um brilho que não é de prata, nem de ouro, mas tão simplesmente longas barbatanas e escamas de luz.
As árvores são altas e parecem gigantes na minha imaginação a acelerar pelos campos.
Por vezes avisto vacas, ovelhas, cabras, cavalos e também galos e galinhas pastando serenamente com uma dignidade mansa.
Gosto de viajar de comboio, porque lá fora até até a poeira levantada pelo lavrar do trator transmite o trabalho árduo da paz, que só a bela e eterna criação da natureza de Deus nos pode dar.
Vila Franca de Xira/Entroncamento (14/10/2020) - comboio interregional.
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