Esta rosa é para ti. Sem nenhuma saudade, mas com alguma nostalgia.
Não, eu não quero comprar o teu corpo.
Tens um rosto bonito e um perfil atraente e deves merecer o que pedes por uma
hora de sexo. Não, não penses que te julgo. Faço apenas esta observação para
que percebas que para mim és simplesmente uma Mulher. O que fazes da tua vida é
uma decisão tua. Só quero falar. Talvez se me escutares eu possa desabafar a
minha solidão. Possa até pagar-te uma cerveja e uma carteira de cigarros e assim,
enquanto fumas e bebes, tenhas alento para ouvir as minhas confissões. É evidente
que não és padre ou psicóloga, mas deves compreender que há horas em que é
urgente desabafar. É claro que não vives de conversa fiada, não precisas
dizer-mo. Mas então, porque motivo queres inverter a situação e falar-me da tua
vida. Agora que começou a chover sobre nós, desabrigados neste banco da praça. Dizes-me
que vives à espera da saudade. Dos momentos em que foste criança e jovem e
apenas pensaste no futuro, deixando fugir o presente, as brincadeiras, a
inocência e o tempo. Da forma como já mulher continuaste a imaginar que era
possível todas as tuas ilusões se realizarem e adiaste a oportunidade do Amor,
do casamento e dos filhos. Da tua repetitiva vivência à espera da saudade de
tudo o que não fizeste no seu devido tempo. À espera da saudade da pessoa que
não foste, porque estavas demasiado ocupada e preocupada com a vida que ia
passando tão rapidamente, ao ponto de te esqueceres de ti própria. Só porque não
aprenderas ainda a viver o presente.
“Sou
um inseto insignificante na chuva!”. Foram as derradeiras palavras que
deixaste, cruéis como uma condenação. Enquanto davas uma última tragada e
suspiravas o fumo que certamente teria o sabor da terra e da chuva de todas as
estações dos anos que se sucederam sobre ti, enquanto continuavas somente à espera
dos sonhos, das frustrações, das alegrias do tempo que deixaste passar, inútil
como o cigarro que naquele momento se desfazia entre os teus dedos.
Fizeste-me
um carinho no rosto e partiste, arrastando as asas molhadas pela lama do
caminho.
Não
o soubeste, porque não me deixaste falar sobre mim, mas as tuas palavras salvaram-me
a vida. Por esse motivo, quase todos os dias e muitos anos depois continuo a
recordar-te. Contigo aprendi que não quero ser “um inseto insignificante na
chuva”, tentando apenas sobreviver à espera da saudade. Procuro fazer hoje tudo
o que me faça feliz, para que amanhã não fique preso nas teias da tristeza do
passado e do futuro, com as asas desfeitas pelas lágrimas que são a chuva mais
profunda da alma.
(Dedicado
à MULHER que me salvou, quando eu andava a morrer de saudade pelas ruas do Rio
de Janeiro).
Agradecimentos
mais uma vez a Maria José Filipe pela sua AMIZADE e pela magnífica fotografia. E a todos os Amigos/Leitores que
no Google +, no blog e no hangout, em Portugal, no Brasil, na Alemanha, na Rússia, nos Estados Unidos da América e pelo mundo fora, me vão dedicando a sua
atenção e presenteando com o seu carinho.
Alguns comentários dos leitores/seguidores no Google +, com agradecimento.
Alguns comentários dos leitores/seguidores no Google +, com agradecimento.
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